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António Feliciano Henriques, o meu Avô Marujo |
Há vinte anos atrás vi-te pela última vez, sem que tu e eu o pudéssemos saber, ou imaginar. Era fim de tarde e o sol morria no horizonte cinzento, o céu estava nublado e começava a fazer frio.
Passei por ti na estrada de areia, na rua com o teu nome, do outro lado da vedação. Ia alegremente acompanhar o Telmo a casa, como fazia a maioria das vezes. Era sempre fixe ir com ele, contávamos anedotas e falávamos sempre na "paixonite" dele pela Anabela. Ah, amores platónicos... Estávamos no auge da adolescência, outra coisa não seria de se esperar, não é verdade?
Mas, continuando... Ao passar por ti, parei e disse: "- Olá Avô!", ao que tu me perguntaste onde ia e eu respondi ir até ao fim da rua, acompanhar o meu amigo a casa e assim fiz. Estavas apoiado na enxada a fazer uma pequena pausa, para continuares a cavar. Não me demorei nada no Telmo, o tempo arrefecia progressivamente.
Parei a falar contigo uns minutos, achei-te tão cansado Avô e fiquei preocupada. Gostava tanto de ti, - e ainda gosto - eras o meu ídolo masculino, a minha referência. Dizia muitas vezes que se tivesse nascido homem queria ser como tu. Perguntei-te como estavas e confirmaste sentir-te cansado, queixaste-te da dormência da mão que já sentias havia dias. Ralhei-te por trabalhares demasiado, precisavas descansar mais e sugeri que fosses ao médico. Disseste ter uma consulta marcada, mas ainda levaria algum tempo. Eras tão teimoso, Avô... Enfim. Desconversaste e mudaste de assunto, perguntando do futebol. Gostavas tanto de ver a bola, o teu Sporting. De todos os rivais do meu Benfica, o Sporting é a equipa com que sou mais tolerante e condescendente. Às vezes, fico contente quando vencem no estrangeiro e tudo, por amor a ti.
Falámos acerca dos jogos das competições europeias e também, na possibilidade de transmitirem pela televisão. Disseste ir ver o jogo ao café e a conversa terminou ali, despedi-mo-nos "até amanhã". Porém, esse "amanhã" nunca mais chegou...
No dia seguinte, quando foste ao café beber a bica com a Avó, após o almoço como era habitual, tiveste um AVC - Acidente Vascular Cerebral, indo imediatamente para o hospital de onde não mais voltaste. No dia 7 de Abril de 1994, desencarnaste e aquela foi a nossa última conversa, a última vez que te vi. Estiveste no hospital uma semana e não pude ver-te, mas a Mãe e a Avó sempre me diziam como estavas. Tinha esperança de voltar a ver-te novamente, portanto fui apanhada de surpresa quando a mana me disse que havias partido. Gelei, Avô e o manto da tristeza caiu sobre mim. Chorei, chorei e chorei o mais que pude, aproveitando o facto de estar sozinha. Tinha que ser forte, para confortar a Mãe, a Avó e o mano, que tinha apenas 8 anos. Não queria que elas me vissem chorar, para não as preocupar. A minha missão, era prestar-lhes apoio agora...
Vinte anos depois, escrevo-te este post, "carta", pois tenho sentido muitas saudades tuas esta semana. Parece que foi ontem que te foste embora... Tanta coisa aconteceu, desde então. Tinha muito para te dizer, para te contar e segredos para te revelar. Mas tinha medo também da tua reacção, medo que ficasses desiludido com o que sou.
Se te tivesse contado entenderias?
Aceitavas-me?
Continuarias a amar-me como sou?
Já não sou a pessoa que conheceste, mudei. As minhas crenças mudaram, já não sou céptica sou crente! Estudo a vida espiritual, agora. Preciso desenvolver-me espiritualmente, penso que desta forma estou mais perto de ti.
Sabes, Avô, eu acredito na vida após morte e acredito que lês o meu blog, que criei após a publicação do livro de poesia "O Que O Meu Coração Diz". Sim, estou enamorada. É uma pessoa especial. Havias de gostar dela.
Contigo aprendi muitas coisas, foste tu que me ensinaste a gostar de vinho! E como gosto de um bom vinho tinto... Mas além disso, também me ensinaste a ser forte, dura e determinada, a ter a visão certa do que é dar-mos a nossa palavra. A ser responsável. Aprendi contigo sobre: o respeito, a honra, a sinceridade, a honestidade, o amor, a persistência e a ver futebol! Apesar de sermos de equipas rivais, gostava de ver os jogos contigo.
Tinhas sentido de humor, eras bonacheirão. Gostavas de brincar com as palavras, contar histórias muito criativas que normalmente, eras tu quem as inventava e que no fim, já acreditavas serem verdade.
Contudo, eras austero, autoritário, rígido com a Mãe, e com a avó eras muito ciumento, possessivo. Mas comigo eras querido. Cortavas-me maçãs aos bocadinhos com a navalha e davas-me, arranjavas-me amendoins, pevides, tremoços, nozes, etc. Tratavas bem de mim. Eras super protector connosco. Não eras perfeito, não, porém, amávamos-te e ainda amamos.
Saudades tuas, Avô.
Abraços de luz para ti
Vinte anos depois, escrevo-te este post, "carta", pois tenho sentido muitas saudades tuas esta semana. Parece que foi ontem que te foste embora... Tanta coisa aconteceu, desde então. Tinha muito para te dizer, para te contar e segredos para te revelar. Mas tinha medo também da tua reacção, medo que ficasses desiludido com o que sou.
Se te tivesse contado entenderias?
Aceitavas-me?
Continuarias a amar-me como sou?
Já não sou a pessoa que conheceste, mudei. As minhas crenças mudaram, já não sou céptica sou crente! Estudo a vida espiritual, agora. Preciso desenvolver-me espiritualmente, penso que desta forma estou mais perto de ti.
Sabes, Avô, eu acredito na vida após morte e acredito que lês o meu blog, que criei após a publicação do livro de poesia "O Que O Meu Coração Diz". Sim, estou enamorada. É uma pessoa especial. Havias de gostar dela.
Contigo aprendi muitas coisas, foste tu que me ensinaste a gostar de vinho! E como gosto de um bom vinho tinto... Mas além disso, também me ensinaste a ser forte, dura e determinada, a ter a visão certa do que é dar-mos a nossa palavra. A ser responsável. Aprendi contigo sobre: o respeito, a honra, a sinceridade, a honestidade, o amor, a persistência e a ver futebol! Apesar de sermos de equipas rivais, gostava de ver os jogos contigo.
Tinhas sentido de humor, eras bonacheirão. Gostavas de brincar com as palavras, contar histórias muito criativas que normalmente, eras tu quem as inventava e que no fim, já acreditavas serem verdade.
Contudo, eras austero, autoritário, rígido com a Mãe, e com a avó eras muito ciumento, possessivo. Mas comigo eras querido. Cortavas-me maçãs aos bocadinhos com a navalha e davas-me, arranjavas-me amendoins, pevides, tremoços, nozes, etc. Tratavas bem de mim. Eras super protector connosco. Não eras perfeito, não, porém, amávamos-te e ainda amamos.
Saudades tuas, Avô.
Abraços de luz para ti
Cris Henriques
Nossos avós nos deixaram muitas saudades.
ResponderEliminarAdorei o seu texto homenageando seu avô.
Lindo Cris.
Bjs e um ótimo final de semana.
Carmen Lúcia.
Olá amiga Carmen!
EliminarMuito obrigada por teres vindo ler e também, pelo carinho sempre.
Óptimos dias para ti.
Beijos
Que linda e emocionante carta que, com certeza, de onde ele está deve ter sorrido o teu avô! beijos,tudo de bom,chica
ResponderEliminarOlá amiga Chica.
EliminarObrigada pela força.
Beijos
Minha querida
ResponderEliminarNão tenho palavras para comentar. Uma carta onde a tua alma falou e desnudaste os teus sentimentos mais profundos.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora
Olá amiga Rosa!
EliminarObrigada. São situações pelas quais todos passamos na vida. Coisas inevitáveis...
Beijos
Estou com dificuldades em escrever agora Cris
ResponderEliminartua carta trouxe-me lágrimas aos olhos
Ó como a saudade doi,machuca...
Venho logo mais,preciso respirar
bisouuuuuuu minha menina Querida
Boa tarde, amiga Ronilda.
EliminarTem sido uma longa semana, extremamente saudosa... Meu coração tem estado muito apertado. As lágrimas, fazem o seu bailado ao sentimento nostálgico...
Obrigada, pelo conforto, pelo carinho e pela amizade.
Beijinhos
Filha querida, que saudades do meu pai...emocionei-me ao ler as tuas memórias do ultimo dia que falaste com ele. Era austero, duro, mas muito carinhoso e amigo de nos ajudar. Que falta que ele nos faz! Sei que é um sentimento egoísta, mas sincero. Nunca o esqueceremos! Lá de onde ele estiver, imagino-o a sorrir ao ler isto. Obrigada filha. Beijinho grande.
ResponderEliminarMammy,
EliminarÉ sempre difícil e confuso quando perdemos quem amamos. Naquela altura, eu era ainda muito céptica e a morte do Avô foi uma coisa triste e confusa. O não acreditar em nada, torna a vida mais dura e mais vazia.
Adoro-te e amo-te, Mammy
Oi Cris, eu já perdi tanto que nem consigo mais ter saudades...meu coração parece que foi cimentado por tantas mortes: pais adotivos, 2 irmãs, marido e por incrível que pareça quando estudava, meu professor de psicologia era espírita. Eu tinha um namorado, então ele me disse: você não vai se casar com esse e todos os teus namorados morrerão antes de você. Aconteceu. Casei-me outra vez e morro de medo de ficar só.
ResponderEliminarPor que acontece isso?
Sua história de saudade é doída.
Beijos
Lua Singular
Dorli, minha querida amiga Lua Singular;
EliminarSó hoje entendi o porquê de te chamares assim. O facto é que todos nós, temos alguma vivência que nos traz tristeza. Mas toda a nossa tristeza e experiência, são lições a aprender a nível espiritual. São lições para a alma. Alguns chamam destino, outros chamam karma. Mas na verdade, não importa o nome que lhe dão porque esta situação serve de catapulta para subir um degrau, na longa escada espiritual.
A tua vida tem sido complicada, compreendo, amiga. Mas lembra-te que o acaso não existe e que, só Deus sabe o motivo e a razão das coisas acontecerem de determinada forma.
Obrigada pelo carinho e pela amizade.
Beijos
Querida que bonita homenagem ao
ResponderEliminarseu avô, é muito bom lembrar com carinho
de quem se foi, parabéns viu bjuss estava com saudades
de vc fica com Deus
Bom final de semana
____Rita!!
Olá amiga Rita!
EliminarSão momentos de intensa saudade, estas datas.
Obrigada, amiga pelo carinho.
Beijos
Multiplicadora, a vida daquele blog depende de você!
ResponderEliminarDê a sua opinião, não permita que mais um blog morra!
http://www.educadoresmultiplicadores.com.br/2014/04/multiplicadora-nao-deixe-que-mais-um.html
Contamos com a sua presença! Desde já, agradecemos por sua visita.
Irivan Rodrigues
Olá Irivan.
EliminarObrigada, já vos visitei.
Abraços
Cris,
ResponderEliminarEm visita ao seu blog, pude constatar sinceridade naquilo que você julga ser a verdade da existência humana, tomando como base a doutrina da reencarnação.
É possível querer crer naquilo que se adapte ao nosso modo de viver, pois o homem é livre para decidir e escolher seu caminho e até inventar um que mais lhe convém. Entretanto, só existe uma verdade, que é: Jesus Cristo veio ao mundo para pagar o preço do resgate da condenação eterna de toda humanidade decaída. E ao homem está destinado morrer uma só vez e depois disso segue-se o juízo eterno para prestação de contas.
Quanto as nuvens ilusórias que militam contra a verdade do Evangelho de Cristo, devemos nos desvencilhar das mesmas, porquanto o inimigo de Deus e arqui inimigo da raça humana, que também é o Pai da mentira, a saber, Satanás; ruge como leão, procurando a quem possa tragar.
Portanto, não vale a pena fazer uma adaptação forçada das verdades do Criador para atender as nossas vaidades e pecados pessoais, que fatalmente nos conduzirá ao tormento eterno em detrimento de uma eternidade de paz e gozo com o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
ASSISTA O VÍDEO ABAIXO E REFLITA...
ALERTA AOS QUE DUVIDAM DE QUE:
SÓ EM JESUS HÁ SALVAÇÃO
Carinhosamente em Cristo,
JC de Araújo Jorge
JC,
EliminarFaço das suas palavras as minhas, com a sua permissão. Cada qual, a sua realidade. A verdade do ponto de vista humano, não é absoluta. Para uns é uma coisa, para outros, outra. Contudo, para O Criador é uma só. O homem pouco sabe do que Deus quer.
Não vou discutir religião. Não faz sentido. Respeito o seu ponto de vista, mas eu fico com o meu. Ok?
Obrigada.
Abraços
Olá querida.
ResponderEliminarQue linda e saudosa carta, não pude evitar as lagrimas e emocionar-me com os detalhes, vi ele se apoiando na enxada e olhando para ti. Lembrei-me dos meus avós e o quanto fazem falta, mas como você disse não vamos ficar nos lamentando porque pode atrapalhar o desenvolvimento deles em outro plano, sempre tomei cuidado em não ficar lamentando.
Que os espíritos amigos levem um abraço bem apertado e lhe deem por mim.
Sua preocupação me comove e acho que completamente bem não ficarei, um pedaço de meu coração parece que morreu, minha filha mais velha fez uma coisa muito ruim comigo que não estou conseguindo absorver e entender o porque amiga, estou tentando me renovar por este motivo o novo blog, assim que for possível te mandarei um e-mail contando os detalhes.
Beijos enormes. Mais uma vez obrigada pelo carinho.
Te gosto demais mesmo.
Querida amiga Verinha,
EliminarEsta carta para o meu Avô foi uma maneira de lhe dar a conhecer como encontrá-lo nesta vida, mas também de lhe mostrar que estou bem. Desejo que ele se encontre bem no plano astral e que, quando for para lá um dia, que ele puder vir receber-me.
Quanto a ti, tu sabes que estou contigo mesmo que esteja do outro lado do oceano.
Conta comigo. ;)
Beijos